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Os cérebros dos machos mudam com a chegada de um filho (pelo menos nos ratinhos)

Os estudos feitos em ratinhos podem dar pistas sobre a forma como os circuitos cerebrais dos homens reagem à chegada de um filho – fazendo com que seja activado uma espécie de instituto paternal –, mas não se sabe até que ponto é que estes circuitos são similares entre as duas espécies.



Já se sabia que a chegada de um filho causava uma série de transformações químicas nos cérebros das progenitoras – razão que leva a que tanto se fale no chamado instinto maternal –, mas um novo estudo veio revelar que isto também acontece com os machos. O artigo científico foi publicado esta quarta-feira na revista Nature e mostra que existe uma transformação nos machos que surge com a paternidade – não em humanos, mas em ratinhos de laboratório.

Nos ratinhos, os cientistas descobriram uma espécie de circuito de paternidade, formado por células de diferentes partes do cérebro que activam mudanças hormonais e comportamentais nos machos, fazendo com que estejam mais predispostos a tomar conta das suas crias – sem que haja uma recompensa directa ou imediata resultante dessa atitude de protecção, refere o estudo.

Através de uma análise da área pré-óptica do hipotálamo – relacionada com o comportamento sexual e aos comportamentos associados à parentalidade – que difere entre homens e mulheres, e entre ratinhos macho e ratinhos fêmea, a equipa de cientistas norte-americanos descobriu que os ratinhos macho não têm instituto paternal à partida, mas somente quando têm crias – ao contrário do que acontece com as fêmeas, que exibem comportamentos maternais mesmo que não procriem.

“Os machos perdem a sua agressividade e o seu comportamento fica exactamente igual ao de uma fêmea”, explica a neurobióloga da Universidade de Harvard e coordenadora do estudo, Catherine Dulac, citada pelo jornal espanhol ABC. “Muitos circuitos neuronais modificam-se dentro do cérebro”, acrescenta, mencionando também as alterações a nível hormonal. Assim, os ratos machos passam mais tempo com as suas crias, a cuidar delas e a construir ninhos.

Além da difícil transposição daquilo que acontece com os ratinhos para aquilo que acontece com os humanos, o estudo termina com outra incerteza: “Resta saber se existem outros comportamentos sociais que dependam de circuitos com arquitecturas semelhantes”.

Fonte: Público

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