«É um potencial novo método de diagnóstico para o risco de cancro.
Mais rápido, mais barato e, como sublinham os investigadores portugueses
que o desenvolveram, “elegante e fácil de utilizar”. A ideia, de forma
simplista, é olhar para a imagem microscópica das células e identificar
um padrão geométrico normal ou de risco. Sem que seja necessário
recorrer a equipamentos sofisticados, o resultado sobre o risco de
cancro pode ser obtido em menos de um mês quando actualmente estas
análises podem demorar entre três e seis meses. O método ainda não foi
validado e ainda não faz parte da prática clínica. Esse é passo que
falta, segundo os investigadores do Instituto de Investigação e Inovação
em Saúde (I3S), no Porto, e do Instituto de Sistemas e Robótica de
Lisboa, que publicam esta semana um artigo na Scientific Reports.
Imagine que estamos a falar de uma toalha com um padrão constituído por
pedaços de tecido. Esses pedaços estão unidos por causa de uma cola.
Quando olhamos para ele, bem de perto, o padrão tem de fazer sentido e
os pedaços de tecido têm de estar no sítio certo, graças à cola. Porém,
por vezes, esta cola surge com defeito e deixa de cumprir a sua função,
manter os pedaços de tecido no lugar certo. Tudo fica desorganizado,
perde-se o padrão normal, o tecido estraga-se. Quando substituímos a
imagem dos pedaços de tecido por células, e a cola por uma importante
proteína chamada caderina-E (associada ao cancro gástrico hereditário)
que assegura a coesão das células, ficamos mais perto deste potencial
novo método de diagnóstico. É uma metodologia, baseada num complexo
algoritmo, capaz de analisar imagens microscópicas de células que
produzem proteínas humanas e, baseando-se na diferenciação dos padrões
geométricos, identificar casos de risco de cancro.
“Olhámos para
células que têm proteínas normais e disfuncionais de adesão. Testámos de
que forma é que este método conseguia distinguir estes dois tipos
celulares. O que verificámos é que coisas tão simples como medir a
distância entre dois núcleos, medir a área dos triângulos, os ângulos…
Portanto, olhar para a geometria da organização de um grupo de células
podia dar indicações sobre a disfunção de uma proteína”, explica Raquel
Seruca, uma das coordenadoras do estudo e investigadora no I3S. A
“disfunção” da caderina-E, uma proteína que está na superfície das
células, é um sinal de risco e está associada a cancros agressivos.
Quando sofre mutações esta proteína deixa de cumprir a sua função de
“cola”, o tecido fica frágil e as células soltas podem dispersar-se e
migrar para outras partes do corpo, onde se estabelecem e formam
metástases.
Para já, o trabalho está direccionado apenas para o
cancro gástrico hereditário, mas Raquel Seruca acredita que o mesmo
método de análise pode ser adaptado a outros tipos de cola (proteínas) e
padrões, servindo para outros cancros e outras doenças. “Isto pode ser
transposto para todas as proteínas que desorganizem o tecido”, refere a
investigadora, que nota que também poderá servir para avaliar a eficácia
de novos fármacos para tratar o cancro. No cancro, lembra a
investigadora, as células deixam de interagir de forma correcta umas com
as outras, perde-se a arquitectura. Esta é uma ferramenta “super
simples e super elegante” que, aplicando os conhecimentos da engenharia à
biologia, quantifica a desorganização.
Inicialmente, o modelo
concebido por estes investigadores conseguiu quantificar a produção da
caderina-E e agora, num segundo passo deste trabalho, focou-se mais na
organização do tecido e diferenciação dos padrões geométricos. “O
resultado é de grande precisão”, refere João Sanches, engenheiro e
investigador do ISR-Lisboa, do Instituto Superior Técnico, adiantando
que a primeira fase do projecto já garantia cerca de 80% de precisão e
que o método alcançou agora os 90%. “Não é possível chegar aos 100%”,
avisa Raquel Seruca. No trabalho, quando foi detectado um padrão anormal
as amostras foram validadas com estudos da função da proteína. “O que
verificámos é que a sensibilidade do método é extraordinária”, diz.
No processo de análise de imagens de microscopia, os núcleos das
células são utilizados como pontos de referência para desenhar uma malha
que representa a geometria do sistema. “A métrica obtida, a partir da
triangulação entre núcleos de células adjacentes permite calcular a
deformações nessa malha”, esclarece um comunicado de imprensa do I3S. “A
análise de padrões em imagens é já muito utilizada no nosso dia-a-dia,
mas precisávamos de perceber as subtilezas na arquitectura, como estas
células estavam organizadas, e desenvolver um algoritmo que conseguissem
percepcionar diferenças”, acrescenta João Sanches.
A
investigação foi feita com células de cultura em laboratório. Transpor
este tipo de análise para tecidos, nomeadamente a partir de biopsias, é
um dos próximos passos. “Apesar de ainda não o termos testado, achamos
que isto pode ser facilmente transportado para as biopsias. O algoritmo
foi feito para células completas e agora tem de ser redesenhado para
tecidos dos doentes, fatias de células. Como utilizámos os centros dos
núcleos como ponto de referência, teremos de ter isso em atenção”,
refere Raquel Seruca. Depois, “só” falta validar o método.»
Fonte: https://www.publico.pt/ciencia/noticia/as-celulas-tem-um-padrao-geometrico-que-avisa-para-o-risco-de-cancro-1731805?page=-1
Comentário do Bloguista: Cancro
é um grupo de doenças que envolvem o crescimento celular anormal, com
potencial para invadir e espalhar-se para outras partes do corpo, além
do seu local de origem. Existem diverso tipos de cancro diferentes que
afetam os seres humanos e que estão associados a vários órgãos de origem.
Atualmente o diagnóstico de cancro pode ser efetuado através do reconhecimento dos seus sintomas e sinais ou através de vários exames dependendo do tipo de cancro. Nenhum dos dois leva a um diagnóstico definitivo, que geralmente necessita da opinião de um patologista.
É no seguimento desta linha de pensamento, que este estudo vem tentar combater esta limitação ao fornecer um potencial método de diagnóstico para o risco de cancro. Este método é mais rápido mais barato quando comparado com a prática utilizada atualmente. De forma sucinta a ideia passa por, olhar para uma imagem microscópica das células e identificar um padrão geométrico normal ou de risco sem ter que recorrer a equipamentos sofisticados e apresentado um resultado em menos de 1 mês.
Infelizmente este método ainda não foi validado para utilização em prática clínica, mas parece apresentar resultados bastantes promissores para tal, podendo assim vir a colmatar uma das maiores preocupações associadas a esta doença que tem sido tema de investigação nos tempos modernos.
Atualmente o diagnóstico de cancro pode ser efetuado através do reconhecimento dos seus sintomas e sinais ou através de vários exames dependendo do tipo de cancro. Nenhum dos dois leva a um diagnóstico definitivo, que geralmente necessita da opinião de um patologista.
É no seguimento desta linha de pensamento, que este estudo vem tentar combater esta limitação ao fornecer um potencial método de diagnóstico para o risco de cancro. Este método é mais rápido mais barato quando comparado com a prática utilizada atualmente. De forma sucinta a ideia passa por, olhar para uma imagem microscópica das células e identificar um padrão geométrico normal ou de risco sem ter que recorrer a equipamentos sofisticados e apresentado um resultado em menos de 1 mês.
Infelizmente este método ainda não foi validado para utilização em prática clínica, mas parece apresentar resultados bastantes promissores para tal, podendo assim vir a colmatar uma das maiores preocupações associadas a esta doença que tem sido tema de investigação nos tempos modernos.
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