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Reino Unido dá "luz verde" para manipulação genética de embriões humanos



O Governo do Reino Unido deu pela primeira vez "luz verde" aos cientistas para procederem a manipulações genéticas em embriões humanos numa investigação para determinar por que razão ocorrem abortos.

A Autoridade britânica de Embriologia e Fertilização Humana (HFEA, na sigla em inglês) concedeu, pela primeira vez no Reino Unido, autorização para que cientistas possam usar técnicas de manipulação genética em embriões humanos. A notícia foi divulgada na página do instituto que recebeu o consentimento, o Instituto Francis Crick.

O Comité de Licenciamento aprovou um pedido de (a investigadora) Kathy Niakan, do Instituto Francis Crick para renovar a licença de investigação e incluir a manipulação de genes em embriões” humanos, indica uma declaração da HFEA.

O objetivo da investigação conduzida por Kathy Niakan é perceber que genes são importantes para que um embrião se desenvolva corretamente. Para isso, os investigadores vão estudar embriões humanos durante os primeiros sete dias depois da fertilização do óvulo – da célula única às 250 células.

Para esta investigação serão usados exclusivamente embriões que tenham sido doados para investigação científica, como os embriões excedentes dos tratamentos de fertilização in vitro. Os embriões serão usados exclusivamente para investigação em laboratório e não poderão servir para tratamento nem ser implantados numa mulher, referiu a BBC.

Queremos compreender os genes necessários para que um embrião humano se desenvolva com sucesso num bebé saudável. E a razão para isto ser tão importante é porque os abortos [espontâneos] e a infertilidade são extremamente comuns, mas são pouco compreendidos”, disse Kathy Niakan, investigadora principal neste projeto.

Esta equipa já fazia investigação com óvulos. E agora que conseguiram aprovação da HFEA para poderem fazer manipulação genética, os cientistas precisam que o comité de ética também aprove este tipo de investigação. Se isso acontecer, o trabalho começa nos próximos três meses. E os resultados poderão contribuir para melhorar os tratamentos de infertilidade e o desenvolvimento do embrião após a fertilização in vitro. A BBC refere que por cada 100 ovos fertilizados, 50 chega à primeira fase de blastocisto, 25 são implantadas no útero e apenas 13 se desenvolver além dos três meses.

A edição de embriões humanos já tinha estado em discussão quando, em abril do ano passado, investigadores chineses o tinham feito e publicado os resultados numa revista. Na altura, Ana Sofia Carvalho, diretora do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa, explicou ao Observador que: “A alteração do património genético é proibida na União Europeia, assim como é proibido usar fundos europeus para fazer este tipo de investigação”.

Mas a investigadora também reforçou que o objetivo da bioética não é boicotar os avanços científicos. “O papel da bioética não é ser um cão de guarda, mas funcionar como um mecanismo de antecipação”, lembra a investigadora. “A bioética deve ir acompanhando e ir refletindo.”

Em Portugal, toda a utilização de embriões para fins clínicos ou de investigação é regulamentada pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.»


Comentário do Bloguista: A infertilidade e a ocorrência de abortos espontâneos são problemas cada vez mais comuns, no entanto, ainda não são totalmente compreendidos. 
De forma a que se possam estudar as principais causas para este facto e perceber que genes são importantes para que um embrião se desenvolva corretamente, a investigadora Kathy Niakan do Instituto Francis Crick conseguiu aprovação por parte do governo do Reino Unido para seguir com o seu estudo. 
Este estudo baseia-se na técnica de manipulação de genes em embriões, que serão estudados desde a fertilização (célula única) até aos 7 dias após fertilização (250 células). 
Tendo em conta que este estudo pode suscitar várias questões de bioética, a equipa de investigadores deixa bem claro que só serão utilizados embriões que tenham sido doados para investigação científica e que serão usados exclusivamente para investigação em laboratório, não podendo servir para tratamento, nem ser implantados.

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