A equipa portuguesa criou um pó, com um sabor menos intenso, que tem que ser disperso em água e filtrado antes de ser consumido
Investigadores
da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) desenvolveram
um produto à base de bolotas para substituir o café, de forma a evitar
os efeitos negativos que esta bebida pode ter nos consumidores.
"O
café é uma das bebidas mais apreciadas e consumidas em todo o mundo.
Contudo, a presença de cafeína pode causar alguns efeitos negativos nos
consumidores", disse à Lusa Diana Pinto, investigadora da FFUP e uma das
responsáveis pelo projeto.
Quando
consumido em doses elevadas, continuou, o café pode originar ou aumentar
sintomas como taquicardia, palpitações, insónias, ansiedade, tremores e
dores de cabeça.
Segundo a
investigadora, esses efeitos indesejáveis verificam-se igualmente em
indivíduos mais sensíveis à cafeína, mesmo que não consumam elevadas
quantidades de café.
"Certos
consumidores com distúrbios gástricos, anemia por deficiência de ferro,
hipertensos ou em situações de 'stress' podem apresentar sensibilidade
aumentada ao café", referiu.
Para
ultrapassar esta questão, contou a investigadora, torna-se necessário
procurar alternativas para o desenvolvimento sustentável de substitutos
do café, onde se incluem produtos alimentares sem valor comercial.
Neste
projeto, a equipa usou as sementes de 'Quercus cerris', conhecidas por
bolotas e consideradas um recurso com baixo impacto na alimentação
humana, para desenvolver uma bebida que pode ser um substituto do café
tradicional.
Utilizando as sementes, a
equipa criou um pó, com um sabor menos intenso do que o do café, que tem
que ser disperso em água e filtrado antes de ser consumido, à
semelhança do que acontece com o café em pó ou com os seus substitutos.
De
acordo com Diana Pinto, estas sementes são ricas em compostos
antioxidantes, como polifenóis e vitamina E, e têm uma elevada captação
de espécies reativas de oxigénio e de azoto.
Além disso, não apresentam toxicidade para as células intestinais.
Os
próximos passos do projeto passam pela identificação e quantificação
dos compostos bioativos presentes na constituição da bebida desenvolvida
e pela análise sensorial do produto.
Participam
no projeto os investigadores da FFUP Santiago Diaz Franco, Anabela
Costa, Sónia Soares, Francisca Rodrigues e Maria Beatriz Oliveira,
também membros do REQUIMTE, LAQV/Departamento de Ciências Químicas, e
Snezana Cupara, Marijana Koskovac e Ksenija Kojicic, da Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade de Kragujevac (Sérvia).
Fonte: Diário de Notícias
Comentários
Enviar um comentário