Utilizando um modelo de camundongos desenvolvido para
estudar efeitos da menopausa, um grupo internacional de cientistas conseguiu
selecionar um anticorpo que aumenta a massa óssea e reduz a gordura corporal
dos animais.
De acordo com os cientistas, ainda será preciso fazer mais
estudos para saber se é possível produzir um anticorpo análogo em humanos, mas,
em tese, o estudo abre caminho para o desenvolvimento de uma droga para
prevenir a osteoporose e o ganho de peso pós-menopausa - e também para tratar a
obesidade em geral.
A pesquisa foi realizada por um grupo de cientistas dos
Estados Unidos, Holanda, China e Reino Unido. Os resultados foram publicados
hoje na revista Nature.
Segundo o estudo, uma terapia com esse tipo de anticorpo
também teria potencial para reduzir os efeitos da síndrome metabólica - que
inclui sintomas como pressão alta e colesterol -, do diabetes e das doenças
cardiovasculares, além de deter a síndrome do ovário policístico.
De acordo com o líder do estudo, Mone Zaidi, da Universidade
Mount Sinai, em Nova York (Estados Unidos), o anticorpo age contra o hormônio
folículo-estimulante (FSH, na sigla em inglês), que, durante a menopausa, é
produzido em altas taxas pela glândula pituitária.
"A menopausa está associada à perda óssea e ao aumento
da gordura visceral. Mostramos que um anticorpo cujo alvo é o FSH aumentou a
massa óssea e reduziu brutalmente o tecido adiposo em camundongos. Nosso estudo
revela oportunidades para tratar simultaneamente a obesidade e a
osteoporose", disse Zaiki.
No experimento descrito no artigo, os cientistas injetaram o
anticorpo em camundongos fêmea cujos ovários foram removidos a fim de simular
os efeitos da menopausa. O anticorpo também foi testado em animais que foram
alimentados com uma dieta de alto teor gorduroso. Nos dois casos, o anticorpo
produziu uma considerável perda de peso e ganho de massa óssea.
"Estudamos o tecido adiposo em diferentes áreas do
corpo, inlcuindo a gordura sob a pele e em torno de órgãos vitais. Em todos os
compartimentos a gordura foi reduzida de forma dramática", afirmou Zaiki.
Segundo Zaiki, os camundongos também apresentaram maior
consumo de oxigênio, maiores níveis de atividade física e mais produção de
gordura marrom – que, ao contrário da indesejável gordura branca, dissipa a
energia do organismo em forma de calor, favorecendo o emagrecimento.
Zaidi explica que o ganho de peso é um sintoma comum na
menopausa, porque as mudanças hormonais deixam o metabolismo mais lento,
tornando mais difícil a produção e manutenção da massa muscular. A distribuição
do peso também muda, fazendo com que a gordura se acumule em torno do estômago
- a chamada gordura visceral -, em vez de se acumular nos quadris e pernas.
"Imediatamente após a menopausa, os níveis do FSH
disparam. Nesse período a perda óssea ocorre mais rapidamente, já que também há
uma redução do estrogênio, um hormônio que fortalece os ossos . Por isso a
osteoporose afeta tanto as mulheres após a menopausa", explicou.
Nesse estágio da vida, também há um brutal crescimento da
gordura visceral, que coincide com um desequilíbrio das energias e uma redução
das atividades físicas, segundo Zaidi.
"Mas se a redução do estrogênio explica a perda de
massa óssea, seus efeitos no aumento da gordura visceral e no desequilíbrio do
metabolismo são mais incertos. Por isso resolvemos investigar se, focando no
FSH, podíamos impedir a perda óssea, mas também reduzir a gordura visceral e
melhorar o equilíbrio energético", declarou Zaidi.
Um dos resultados mais importantes do estudo, segundo Zaidi,
é que o anticorpo foi capaz de reduzir a gordura visceeral em camundongos
normais submetidos a uma dieta gordurosa. "Isso abre caminho para
descobrirmos uma maneira de combater a epidemia de obesidade em geral, não
apenas entre mulheres na menopausa", afirmou.
Os estudos agora terão foco em testes clínicos para
desenvolver uma versão "humanizada" do anticorpo contra o FSH,
segundo Zaidi.
"Isso seria eficaz não paenas para reduzir a gordura
visceral e subcutânea, mas também traria benefícios para vários problemas
médicos associados à obesidade, como a síndrome metabólica, a doença
cardiovascular, o diabetes e a síndrome do ovário policístico", disse o
cientista.
FONTE: http://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,anticorpo-reduz-osteoporose-e-obesidade-em-camundongos-na-menopausa,70001811935
Comentário de Reginaldo Basquete: A osteoporose tem sido recentemente reconhecida como um dos
maiores problemas de saúde pública do mundo devido à alta taxa de
morbimortalidade relacionadas com fraturas, particularmente entre mulheres
idosas. A osteoporose é uma doença esquelética sistêmica caracterizada por
diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitectura do tecido ósseo,
com consequente aumento da fragilidade óssea e susceptibilidade à fratura. A
perda de massa óssea é uma consequência inevitável do processo de
envelhecimento. Entretanto, no indivíduo com osteoporose a perda é tão
importante que a massa óssea cai abaixo do limiar para fraturas, principalmente
em determinados locais, como quadril, vértebras e antebraço. Uma significativa
redução de massa óssea pode ocorrer especialmente em mulheres após a menopausa.
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