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Banco público de Gâmetas teve os seus dois primeiros dadores de esperma

Mais de três anos depois de ter sido oficialmente anunciado, o primeiro banco, que funciona na Maternidade Júlio Dinis, tem como objectivo, numa fase inicial, responder às necessidades do centro de procriação medicamente assistida instalado nesta maternidade do Porto, mas posteriormente deverá disponibilizar gâmetas (espermatozóides e óvulos) a outros centros, pelo menos até que surjam outros bancos públicos.  

Os dois primeiros dadores constavam da lista de pessoas que se inscreveram quando ouviram falar na criação deste banco público. Os dadores vão receber uma compensação financeira pelo tempo perdido e pelo incómodo, não um pagamento. A diferença entre homens e mulheres justifica-se: as dadoras têm de ser sujeitas a tratamentos de estimulação ovárica com possíveis efeitos secundários e eventuais riscos para a saúde.

Nas declarações à Lusa o director do Departamento da Mulher do Centro Hospitalar do Porto – que agrega o Hospital de Santo António, Maternidade Júlio Dinis e Hospital pediátrico Maria Pia – contou ainda que cada dador “só poderá ser responsável por seis gravidezes”. “Não pode haver um profissional de dádiva, temos um registo absolutamente confidencial, que nos permite saber quantas dádivas resultaram em gravidezes”, frisou. Quanto às mulheres, está definido que apenas podem fazer três dádivas.

Contudo, este é um processo que demorará seis meses, uma vez que obriga a “uma selecção criteriosa e a um conjunto de análises para perceber se não há nenhuma doença contagiosa a instalar-se e garantir que os gâmetas são excelentes”, explicou o médico. “Há critérios de exclusão e a experiência diz-nos que apenas cerca de 25 por cento do total de dádivas se revelam excelentes”, frisou.  

Enquanto o banco não foi criado, o Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida tem dado luz verde a vários pedidos para importação de células reprodutivas. Em 2010, concedeu 16 autorizações de compra de esperma ao estrangeiro (sobretudo Espanha), três a centros públicos e 13 a centros privados.

O banco vai agora iniciar “uma campanha de marketing dirigida ao público-alvo”, ou seja a homens entre os 18 e os 40 anos e a mulheres entre os 18 e os 35 anos, disse o responsável. Além dos meios de comunicação social e de ‘outdoors’ informativos, serão estabelecidos protocolos com as associações de estudantes das universidades. “Temos já algumas inscrições, que estamos agora a chamar, mas estimamos que essa lista venha a aumentar de forma significativa com a campanha de marketing que vamos iniciar”, disse Serafim Guimarães.  


Fonte: 
http://www.publico.pt/Sociedade/banco-publico-de-gametas-teve-os-seus-dois-primeiros-dadores-de-esperma_1495691

Comentários

  1. Segundo, a Organização Mundial de Saúde, a infertilidade é a incapacidade de conceber uma criança. Um casal pode ser considerado infértil quando, após um ano de relações sexuais regulares, sem contracepção, a mulher não engravidar.
    A Associação Portuguesa de Fertilidade (APFertilidade) foi legalmente constituída no dia 20 de Maio de 2006, na sequência de um movimento cívico protagonizado por pessoas com problemas de fertilidade. Duas décadas após o início da procriação medicamente assistida em Portugal, período marcado pela distribuição desigual dos centros de tratamento, pela ausência de legislação específica, pela limitação no acesso a diversas técnicas, pela falta de informação e por um manifesto desinteresse pelas questões (médicas, psicológicas, sociais e económicas) relacionadas com esta doença, a APFertilidade nasceu como um projecto fundamentalmente destinado a apoiar, informar e defender esta comunidade.
    Segundo a Associação Portuguesa de Fertilidade, a infertilidade afecta cerca de 120 mil casais em Portugal. Muitos desesperam por uma resposta do Sistema Nacional de Saúde onde uma consulta pode demorar dois anos.
    A taxa de infertilidade masculina é similar à taxa de infertilidade feminina. Em média, 80% dos casos apresentam infertilidade nos dois membros do casal, sendo, geralmente, um mais grave do que o outro. A infertilidade tem aumentado nos países industrializados devido ao adiamento da idade de concepção, à existência de múltiplos parceiros sexuais, aos hábitos sedentários e de consumo excessivo de gorduras, tabaco, álcool e drogas, bem como aos químicos utilizados nos produtos alimentares e aos libertados na atmosfera.
    A Maternidade Alfredo da Costa, tal como outras instituições públicas, não dispõe de um banco de gâmetas - óvulos e espermatozóides – e, por isso, a solução tem passado pela importação de esperma, nomeadamente de Espanha. Assim, a abertura do primeiro banco público de gâmetas, no passado dia 24 de Maio, vem trazer uma nova esperança para os casais portugueses que sofrem com esta doença. Apesar de o banco ter sido criado pelo centro hospitalar do Porto, este vai disponibilizar gâmetas para todo o país. Agora, são precisos cerca de 6 meses até os óvulos e os espermatozóides poderem ser disponibilizados aos casais inférteis.
    Realçar, ainda, que em Portugal, a Procriação Medicamente Assistida é actualmente regulada pela Lei n.º 32/2006 de 26 de Julho.


    Liliana Manso, M3875

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