Estudo envolveu mais de 2600 doentes com cancro e revela que as primeiras mutações causais aparecem muitos anos antes, senão mesmo décadas, do diagnóstico da doença.
Costuma dizer-se que o cancro é o preço do progresso ou o preço que temos de pagar por vivermos mais. Sabendo-se que uma em cada duas pessoas no mundo poderá vir a sofrer da doença. Mas, hoje, sabe-se que este poderá começar a ser detetado muito antes do diagnóstico ser feito. É um dos resultados do projeto Pan-Cancro, um estudo que envolveu 2600 doentes que sofriam de 38 tumores diferentes,
Segundo noticia o jornal El País, este estudo genómico ao cancro é o mais detalhado feito até hoje em que a análise molecular a cada tipo de tumor mostra o caminho para novos tratamentos e métodos de diagnóstico prematuro.
Este estudo colocou lado a lado o genoma completo do doente, do seu tumor e o genoma humano de referência, analisando-os 30 vezes, letra a letra, para conhecer todas as mutações que diferenciam a célula cancerígena e a célula sã.
No total, foram lidas ou avaliadas mais de mil milhões de letras de ADN. O resultado surge do trabalho e do esforço de 1300 cientistas de 37 países que trabalharam neste projeto com 13 supercomputadores, em vários centros de análises durante 10 milhões de horas.
No total, foram lidas ou avaliadas mais de mil milhões de letras de ADN. O resultado surge do trabalho e do esforço de 1300 cientistas de 37 países que trabalharam neste projeto com 13 supercomputadores, em vários centros de análises durante 10 milhões de horas.
A principal conclusão do trabalho é a de que o genoma do cancro é finito e pode ser traçado e conhecer-se. Pela primeira vez na história foi possível identificar todas as mutações genéticas que produzem um tumor concreto e ordená-las cronologicamente para conhecer a sua biografia. Uma análise que permitiu analisar dezenas de milhares de mutações acumuladas nas células tumorais e identificar todas as que causam um tumor.
Para 95% dos casos analisados foi identificada pelo menos uma mutação causal. Em média o cancro necessita de cinco mutações causais para aparecer. "O mais surpreendente é a diferença que existe entre o genoma de uma pessoa para outra", salienta Peter Campbell, membro do comité diretivo deste projeto.
O estudo que foi publicado na revista Nature e em outras publicações científicas refere que os resultados do trabalho não vão melhorar o tratamento do cancro a curto prazo, mas vai aumentar e muito o conhecimento sobre a doença, e que é fundamental para a chamada medicina de precisão ou personalizada. Ou seja, a medicina que permitirá que cada doente possa receber o tratamento em função do seu perfil genético.
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