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Platina pode ser eficaz contra o cancro do pâncreas


Um grupo internacional de investigadores conseguiu, pela primeira vez, descobrir quais os quatro subtipos em se divide o cancro do pâncreas, tendo anunciado que, consoante o subtipo da doença, o uso de medicamentos com platina pode ser benéfico para o tratamento dos pacientes.
Segundo os cientistas, coordenados por Andrew Biankin, da organização britânica Cancer Research UK, estes subtipos distinguem-se entre si através das caraterísticas do ADN - estável, instável, reorganizado localmente ou disperso - e desenvolvem-se, todos eles, devido a uma "confusão genética" resultante de danos causados em genes específicos.
Isto significa, portanto, que os tumores pancreáticos podem, de futuro, ser classificados não apenas de acordo com a frequência ou a localização, mas com base nas "reorganizações" de ADN provocadas pelas falhas genéticas, falhas que, sabe-se agora, podem ser potencialmente combatidas com medicamentos já existentes.
"Apesar das muitas décadas de investigação sobre o cancro pancréatico, temos enfrentado numerosos obstáculos na procura por tratamentos novos e eficientes", admite, em comunicado, o líder deste estudo internacional, Andrew Biankin.
"Porém, o nosso trabalho, que explica de que forma a reorganização caótica dos cromossomas desencadeia danos nos genes que, por sua vez, levam à doença, traz consigo a oportunidade de criar tratamentos mais personalizados contra este problema", congratula-se o investigador.
A equipa descobriu ainda que o uso de medicamentos com platina - commumente utilizados em tratamentos de quimioterapia contra o cancro do ovário ou do testículo - pode, além disso, beneficiar os pacientes cujo cancro pancreático se insira no subtipo da doença resultante da reorganização instável do ADN.
Até ao momento, estes fármacos têm tipo um impacto limitado contra o cancro do pâncreas, mas, no âmbito deste estudo, publicado, recentemente, na revista científica Nature, os especialistas tomaram conhecimento de que um número reduzido de pacientes mostrou "melhorias excecionais" graças à sua administração.
 "Embora a maior parte dos pacientes não responda à terapia com platina, certo número beneficiou de uma resposta impressionante, que a maioria dos oncologistas nunca esperou ver durante toda a vida", revela Biankin.
O cientista adianta que "duas pessoas tratadas com platina viram os seus tumores desaparecer completamente e uma delas está viva cinco anos depois do diagnóstico", uma esperança renovada para os doentes já que, em ambos os casos, os cancros estavam em estágios tão avançados que a esperança de vida era de apenas alguns meses. 
"Conseguir identificar os pacientes que podem beneficiar dos fármacos baseados na platina será uma viragem determinante para tratar o cancro pancreático, aumentando, potencialmente, a sobrevivência de uma parcela dos doentes", finaliza o investigador, que acrescenta que tal poderá permitir também o desenvolvimento de medicamentos mais eficientes.




Artigo : http://www.nature.com/nature/journal/v518/n7540/full/nature14169.html

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