Avançar para o conteúdo principal

Validado o primeiro biomarcador para diagnóstico biológico da Doença de Parkinson


A acumulação de uma proteína no cérebro está ligada a algumas formas da doença de Parkinson, confirma um estudo agora divulgado, abrindo caminho para um diagnóstico precoce desta patologia. No entanto, para já, o teste de diagnóstico implica análises ao líquido cefalorraquidiano, um procedimento difícil de aplicar em larga escala.

A elevada presença da proteína alfa-sinucleína no líquido cefalorraquidiano, que banha o cérebro, mostra ser de “uma grande precisão para identificar as formas típicas da doença de Parkinson”, resume o estudo liderado pelo neurologista norte-americano Andrew Siderowf (da Universidade da Pensilvânia, nos EUA) e que foi publicado na revista The Lancet Neurology.

A doença de Parkinson é, juntamente com a de Alzheimer, uma das principais patologias que afetam o cérebro. No entanto, ainda é largamente desconhecido o que causa esta doença insidiosa, na qual os doentes perdem gradualmente a capacidade de se moverem, refere a agência AFP.

No entanto, são conhecidos vários fatores associados à doença. Entre estes, sabe-se há vários anos que os doentes têm frequentemente agregados da proteína alfa-sinucleína. O estudo publicado na revista The Lancet Neurology, que é um dos primeiros a ser realizado em mais de mil de doentes com Parkinson, confirma que, testando a presença elevada desta proteína, a doença pode ser amplamente identificada.

Ainda assim, os resultados são desigualmente precisos. Em doentes com uma mutação genética – denominada LRRK2 – associada a certas formas de Parkinson, a presença de agregados é menos sistemática. Em particular, é necessário determinar se a técnica funciona tão bem com testes sanguíneos, que são muito mais fáceis de realizar, como funciona com os testes ao líquido cefalorraquidiano.


Um diagnóstico biológico da doença de Parkinson

“Trata-se de um grande estudo envolvendo centenas de pacientes, que validou o primeiro biomarcador capaz de diagnosticar a doença biologicamente – em contraste com o diagnóstico clínico com base nos sintomas, que é hoje a prática corrente. E, muito importante, consegue identificar a doença anos antes dos primeiros sintomas motores ocorrerem, um pouco como o colesterol elevado está para as doenças do coração”, destaca ao PÚBLICO o investigador português Luís M. Oliveira, da Fundação Michael J. Fox para a Investigação da Parkinson, em Nova Iorque (EUA).

“Este estudo vai ter um impacto direto na forma como os próximos ensaios clínicos serão desenhados, abre a porta a terapêuticas mais personalizadas e a uma intervenção muito mais precoce ou até de prevenção por forma a que a doença nunca chegue a aparecer”, considera ainda o cientista português, que está entre os autores do artigo científico na The Lancet Neurology.

Apesar das questões associadas à sua aplicação, este estudo “lança as bases para um diagnóstico biológico da doença de Parkinson”, segundo escrevem as neurologistas Daniela Berg e Christine Klein, que não estiveram envolvidas no estudo, num comentário também publicado na The Lancet Neurology. Na opinião das duas neurologistas, está agora provado que a alfa-sinucleína “é um agente de mudança no diagnóstico, investigação e ensaios clínicos da doença de Parkinson”.

As investigadoras consideram particularmente interessante que os autores do estudo também tenham medido a presença de uma alta concentração alfa-sinucleína em doentes que apresentam sinais precoces da doença de Parkinson, incluindo um olfato enfraquecido, embora a doença ainda não tenha sido diagnosticada.

A investigação teve início em 2010, sendo financiada ao longo destes anos pela Fundação Fox, criada pelo ator Michael J. Fox, que foi diagnosticado com a doença de Parkinson em 1998, uma década após o sucesso da saga Regresso ao Futuro.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Inteligência Artificial

  Livro Branco sobre IA é guia ético para a literacia digital na biomedicina Livro Branco sobre IA é guia ético para a literacia digital na biomedicina Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida prepara documento para aproximar profissionais de saúde, sociedade civil e poder público às questões éticas e jurídicas da Inteligência Artificial. Fonte:  https://www.publico.pt/2024/02/16/sociedade/noticia/livro-branco-ia-guia-etico-literacia-digital-biomedicina-2080649
 WORKSHOP Não sabe o que fazer depois do mestrado? Que caminho seguir? São tantas opções, não é mesmo? Por isso, te convidamos a assistir ao workshop "Acabei o Mestrado! E agora?" para sanar todas as suas dúvidas e decidir os próximos passos do teu futuro! Te aguardamos quinta-feira dia 11 de Abril às 14:00 no Anfiteatro Amarelo da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI!

Ciências Biomédicas da UBI (Covilhã) com 100% de Empregabilidade!

A Universidade da Beira Interior atinge, mais uma vez, valores bastante positivos de empregabilidade dos seus cursos com índices superiores a 91 por cento, bem acima da média nacional e acima dos 90 por cento do ano anterior. “Numa altura que se discute índices de empregabilidade de 30 e 40 por cento, são ótimas notícias para UBI que vê as suas licenciaturas e mestrados acima dos 85 por cento”, salienta Tiago Sequeira, Pró-Reitor da UBI. O Relatório agora divulgado pelo Ministério da Educação e pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional mostra, sem grandes surpresas, que os cursos de Engenharia da UBI continuam a garantir um lugar no mercado de trabalho, colocando-se sempre acima dos 90 por cento, situando-se numa média de 94%, sendo o mínimo de 89% (engenharia civil) e o máximo de 98% (engenharia eletrotécnica) nesta área. Medicina, Ciências Farmacêuticas, Tecnologias e Sistemas de Informação e Ciências Biomédicas são os que melhores resultados alcançam com 100 por cento de