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Descoberto antídoto para um dos seres vivos mais venenosos do mundo: Através de um medicamento usado para o colesterol, conseguiu-se parar a necrose e atenuar a dor provocada pela picada da vespa-do-mar em ratinhos.
Ninguém se deixe encantar pela beleza da medusa Chironex fleckeri: ela tem veneno suficiente para matar mais de 60 pessoas. Conhecida como vespa-do-mar, esta medusa é assim um dos seres vivos mais venenosos do mundo. Portanto, a ambição para encontrar um antídoto que a afrontasse era grande. Agora, em testes com células humanas e de ratinhos, uma equipa de cientistas da Austrália e da China descobriu um medicamento que consegue bloquear os sintomas da picada desta medusa se for aplicado 15 minutos depois do ataque. No futuro, o objectivo é desenvolver um produto de uso tópico para humanos.
A vespa-do-mar tem cerca de 60 tentáculos que podem chegar aos três metros de comprimento. Vive nas águas costeiras da Austrália, da Papuásia-Nova Guiné, do Vietname e das Filipinas e é uma autêntica predadora. Quando está a caçar, pode nadar activamente 7,5 quilómetros por hora. Geralmente, caça pequenos peixes e camarões em águas superficiais.
Mas esta medusa também pode “caçar” humanos. O seu veneno – suficiente para matar mais de 60 pessoas – está escondido em milhões de “ganchos” microscópicos nos seus tentáculos. Se picar uma pessoa, a vespa-do-mar pode causar necrose na sua pele, dor e – se a dose de veneno for muita – pode provocar paragem cardíaca ou até mesmo a morte dessa pessoa em poucos minutos.
Estima-se que mais de 40 pessoas morram por ano devido aos ataques de medusas, segundo o site da revista Science. Contudo, Angel Yanagihara, bioquímica da Universidade do Havai e que não fez parte do recente estudo, refere que o número de mortes é bastante subestimado, assinalou à mesma revista. “As pessoas morrem e não há registos públicos”, afirmou a cientista, acrescentando que devem morrer cerca de 500 pessoas por ano devido a picadas de medusas.
Até agora, de acordo com o jornal espanhol ABC, o tratamento para as picadas consistia em aplicar vinagre ou água muito quente na zona afectada. Também, até ao momento, não se sabia como o veneno da vespa-do-mar atingia e entrava nas células humanas. Como se refere na Science, em estudos anteriores apenas se tinha percebido que toxinas no veneno podiam destruir os glóbulos vermelhos e danificar as membranas celulares, o que resultaria em dor ou até mesmo na morte. Percebeu-se ainda que haveria outros danos no corpo humano.
Agora, a forma como o veneno funciona foi desvendada através da tecnologia de edição genética CRISPR, uma ferramenta que permite editar o genoma através de tesouras moleculares. Neste estudo, esta ferramenta foi usada para bloquear genes humanos, para que se pudesse saber qual deles tinha uma função relacionada com o mecanismo de acção do veneno da medusa. Identificaram-se assim os factores humanos necessários para o veneno funcionar.
“A via do veneno que identificámos neste estudo precisa de colesterol, e visto que há vários medicamentos disponíveis que têm como alvo o colesterol, pudemos bloquear esta via para se ver qual era o seu impacto na actividade do veneno”, conta Raymond Lau, da Universidade de Sydney, na Austrália, e um dos autores do artigo publicado na revista Nature Communications, num comunicado da sua instituição. A equipa testou então medicamentos contra o colesterol em células humanas e em ratinhos.
Primeiro, usaram-se dois medicamentos (o metil-beta-ciclodextrina, ou MbCD, e o hidroxipropílico-beta-ciclodextrina, ou HPbCD) para evitar que o veneno da medusa matasse células mielóides humanas e glóbulos vermelhos de ratinhos. A equipa utilizou ainda o HPbCD – que é seguro para humanos – em ratinhos que tinham sido injectados com veneno da vespa-do-mar. “Em 15 minutos, o medicamento parou a dor e a morte dos tecidos”, lê-se no comunicado.
Creme ou spray?
“É um antídoto molecular. É a primeira vez que se percebe, a nível molecular, como este tipo de veneno funciona e possivelmente como qualquer veneno funciona”, diz Raymond Lau. Já Gregory Neely, também da Universidade de Sydney e autor do trabalho, refere: “Sabemos que o medicamento pára completamente a necrose e a dor e cicatriza a pele quando é aplicado. Mas não sabemos ainda se previne o ataque cardíaco. Precisaremos de investigar mais.”

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