Ana Domingos, Catarina Homem e Joseph Paton são os cientistas em
Portugal, entre um total de 41 seleccionados em todo o mundo, que vão
receber apoio financeiro de uma parceria de filantropia estabelecida
entre o Instituto Médico Howard Hughes (EUA), a Fundação Bill e Melinda
Gates (EUA), o Wellcome Trust (Reino Unido) e a Fundação Calouste
Gulbenkian (Portugal), foi anunciado esta terça-feira em comunicado
pelas instituições. Cada um dos três cientistas receberá 650 mil euros
ao longo de cinco anos – o que totaliza quase dois milhões de euros –,
para se saber mais sobre a obesidade, as células estaminais e como
processamos o tempo no cérebro.
Em 2016, as quatro instituições criaram uma parceria para promover o
talento científico de investigadores ainda no início da carreira na área
da biomedicina. Para tal, comprometeram-se a disponibilizar 26,7
milhões de dólares (24,5 milhões de euros). Concorreram mais de 1400
cientistas de todo o mundo (o programa não está aberto aos países do G7
nem a países e territórios alvo de sanções, como a Síria, o Sudão ou a
Crimeia). E agora foi anunciado que 41 investigadores, de 16 países,
foram escolhidos por um painel internacional que avaliou o impacto do
trabalho científico já desenvolvido por cada um dos candidatos e as
potencialidades da investigação que pretendem vir a desenvolver.
Neurónios e adipócitos
Ana Domingos, de 40 anos, do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC),
em Oeiras, está interessada em estudar os mecanismos neurobiológicos
subjacentes à obesidade. Há pouco tempo, descobriu um mecanismo neuronal associado à obesidade, cujos resultados foram publicados no início de Abril na revista Nature Communications.
O
que a equipa de Ana Domingos encontrou foi uma relação entre o tecido
adiposo (o tecido gordo) e um conjunto de neurónios do sistema nervoso
(fora do cérebro). Em experiências em ratos, demonstrou que estes
neurónios que inervam o tecido adiposo têm um papel importante na
degradação da gordura. Ou, dito de outra forma, esses neurónios
periféricos, quando são activados, queimam gordura. Ao libertarem uma
substância que “comunica” com os adipócitos (as células do tecido
adiposo que armazenam gordura no corpo), esses neurónios vão fazer com
que a gordura seja queimada. E se estes neurónios periféricos forem
eliminados, como mostraram as experiências em ratos geneticamente
modificados, sem que o seu cérebro fosse afectado, o processo de aumento
de peso é acelerado.
https://www.publico.pt/2017/05/09/ciencia/noticia/tres-cientistas-em-portugal-apoiados-por-parceria-internacional-de-filantropos-1771487
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