Um ensaio clínico feito com uma terapia à base de linfócitos T, células de defesa do organismo, salva doentes com cancro em estado terminal. E comprova, mais uma vez, que esta é uma nova via no tratamento de cancro.
Os dados acumulam-se. E mostram que usar o sistema imunitário (a dita imunoterapia) no combate ao cancro será definitivamente uma das formas de atacar esta doença no século XXI. Agora foi uma equipa de médicos e investigadores da Universidade de Washington a apresentar resultados considerados surpreendentes. Num ensaio clínico feito a 26 doentes com leucemia linfoblástica aguda, em estado terminal, conseguiu-se uma taxa de sucesso de 94 por cento.
Depois de terem esgotado todas as hipóteses, e de lhes ter sido dado uma esperança de vida de dois a cinco meses, os doentes aceitaram participar no estudo conduzido pelo oncologista Stanley Riddell. Ao fim de 18 meses, 24 dos 26 doentes estava em remissão completa. "É um resultado sem precedentes, em doentes com doença tão avançada", afirmou Stanley Riddell, durante a apresentação dos resultados, na reunião da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência.
A técnica usada pela sua equipa, genericamente denominada CART, passa por recolher os linfócitos T, modificá-los através de engenharia genética para reconhecerem as células do tumor e voltar a injetá-los no paciente. Uma vez no corpo, espera-se que estes linfócitos muito especializados eliminem as células doentes, tal como acontece numa gripe ou noutro tipo de infeção em que os sistema imunitário é chamado.
Esta estratégia tenta assim compensar ou contornar a capacidade que as células cancerígenas têm de se disfarçar e esconder das células de defesa. Nos doentes com linfoma a taxa de sucesso foi de 80 por cento.
Outra boa notícia apresentada na mesma reunião por uma equipa de Milão dá conta que estas células T podem permanecer no corpo pelo menos 14 anos. O que quer dizer que acabam por funcionar como uma espécie de vacina, eliminando continuamente as eventuais células doentes que voltem a aparecer, atuando, portanto, a longo prazo. Como um "medicamento vivo".
Fonte:http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/2016-02-16-Terapia-com-celulas-T-apresenta-resultados-espantosos-em-doentes-com-cancro
Comentário Bloguista: As células cancerígenas, devido aos mecanismos que possuem para evasão ao sistema imunológico e, mais concretamente, às células T (por redução da expressão de antigénios tumorais; produção de citocinas supressoras ou indução de linfócitos Treguladores), têm a capacidade de se dividir indefinidamente e, em algumas situações, de se alastrar aos tecidos circundantes.
De forma a combater-se este grave problema, uma das opções de tratamento mais óbvias passará por melhorar a capacidade de atuação do sistema imunitário (células T), de forma a que este interaja fortemente com as células mutadas, eliminando-as. É aqui que entra o importante papel da Engenharia Genética!
A Engenharia Genética é uma das áreas cuja aplicação como método terapêutico se encontra em grande expansão, acompanhando as constantes evoluções no conhecimento científico. Tendo em conta que todas as células nucleadas do nosso corpo possuem material genético (ADN), isto permite que estas sejam "moldadas", com o intuito de se controlar a sua atividade. Nesse sentido, foi assim possível desenvolver mecanismos de transferência de "células T", em que estas são retiradas do próprio paciente e modificadas ex vivo (por resposta a um conjunto diverso de estímulos). Assim, consegue-se potencializar a sua capacidade ao combater o ambiente supressivo do tumor, eliminando o problema. Este método tem bastantes vantagens, desde logo pela utilização de células do próprio individuo, de forma a que este desenvolva a sua capacidade imunitária, sem necessidade de injeção constante de cocktails exógenos.
Para além desta, outras aplicações bastante promissores se apresentam de forma a promoverem, por exemplo, a diferenciação ex vivo de células dendríticas ou a alteração das células apresentadoras de antigénios.
Teremos derrotado definitivamente o cancro?
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