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Portugueses colaboram em estudo sobre bactéria resistente a fármacos

Investigadores propõem associação de fármaco para tratar infecções provocadas pela bactéria 'Staphylococcus aureus'


Uma equipa de investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), da Universidade Nova de Lisboa em Oeiras, colaborou no estudo, publicado na «Science Translational Medicine» onde se dá a conhecer um novo fármaco, que, co-administrado com um antibiótico disponível actualmente, poderá tratar as infecções provocadas pela bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina, também conhecida pela sigla SARM.

Em conversa com o «Ciência Hoje», Mariana Pinho, explicou que o que a sua equipa fez foi tentar perceber os mecanismos dos compostos que, agindo sinergeticamente, quebram a resistência da bactéria.

A propagação das infecções de SARM, é um problema “difícil de combater”. A sua maior proliferação é no meio hospitalar. Nos Estados Unidos, por exemplo, “morrem por ano mais pessoas devido a infecções com esta bactéria do que devido ao HIV e à tuberculose juntos”, informa a investigadora.Em Portugal não existem dados sobre as mortes. No entanto, as bactérias Staphylococcus aureus que foram isoladas nos hospitais eram resistentes a antibióticos. “Portugal tem as estirpes mais resistentes a nível europeu”, sublinha.

“O que caracteriza a nossa investigação são os estudos por microscopia de fluorescência”. Ou seja, “olhamos para o que se passa dentro da bactéria” para tentar perceber quais os mecanismos pelos quais os compostos combatem a resistência da bactéria.

“É muito caro desenvolver novos antibióticos” para colmatar os que deixaram de funcionar. Por isso é uma “vantagem óbvia” associar um fármaco a outro que já exista, “principalmente se já passou nos ensaios clínicos”, diz a investigadora.

A combinação estudada pela equipa liderada por Christopher Tan, do Merck Research Laboratories, em Kenilworth, Nova Jérsia, é de um novo fármaco chamado PC190723 com uma classe de antibióticos usados actualmente chamados beta-lactamas.

A combinação de ambos ressensibiliza a SARM através de um “efeito dominó”, onde o primeiro bloqueia a expressão da proteína FtsZ da divisão celular, que danifica uma segunda proteína chamada PBP2. Como esta é necessária para a resistência aos antibióticos beta-lactâmicos, o facto de interferir na sua actividade torna a SARM novamente sensível.A inativação da proteína FtsZ parece também inibir o crescimento e a viabilidade de SARM.

Esses dois antibióticos agem sinergeticamente, o que significa que seus efeitos combinados de combate a SARM são muito maiores do que os efeitos de cada fármaco separadamente. Além disso, é necessário uma quantidade substancialmente menor de cada um para combater a infecção.

Esta investigação é um primeiro passo para a criação de um medicamento contra as infecções por SARM. No entanto, diz Mariana Pinho, isso ainda pode demorar anos, visto não estar ainda em fase de ensaios clínicos.

IN:http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53564&op=all

Comentários

  1. A resistência apresentada pelas bactérias face aos medicamentos é uma séria ameaça à saúde a nível mundial. A propagação de infecções pela bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é difícil de travar, o que constitui um grave problema, pois como outras bactérias resistentes, esta apresenta a sua maior proliferação em meio hospitalar. A associação deste novo fármaco com os antibióticos já existentes beta-lactamas pode ser crucial contra as infecções provocadas por MRSA.

    Este pode ser um grande passo no combate a uma potencial pandemia.

    Julieta Oliveira
    M4874

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