Uma equipa de investigação do Porto pretende dentro de três anos
conseguir alternativas de tratamento para o cancro do pâncreas,
percebendo porque é que o sistema imunitário não reconhece aquele tipo
de tumor, que tem hoje poucas opções terapêuticas.
Uma equipa do i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, no
Porto, foi distinguida com o prémio 'FAZ Ciência' 2018, uma iniciativa
da Fundação AstraZeneca e da Sociedade Portuguesa de Oncologia, que
atribuiu uma bolsa de 35 mil euros ao projeto ‘Tornar a imunoterapia uma
realidade para doentes com cancro do pâncreas’.
Em
entrevista à agência Lusa, a investigadora Sónia Melo explicou que o
projeto pretende, em traços gerais, perceber porque não existe uma
resposta do sistema imunitário ao cancro do pâncreas.
“Na
grande maioria dos tipos de cancro, o nosso sistema imunitário consegue
reconhecer aquelas células como sendo anormais e há um contra-ataque do
nosso corpo, nem que seja mínimo, ao cancro. Isso não acontece no
cancro do pâncreas”, afirma a investigadora.
O que é a imunoterapia?
A
imunoterapia, que é uma terapia de ponta, tem conseguido em muitos
tumores acordar o sistema imunitário de forma “a combater ainda com mais
força o cancro”. Mas no caso específico do pâncreas, a imunoterapia não
teve efeito nos pacientes.
“Há
poucas opções terapêuticas e a imunoterapia não foi vista como opção.
Porque para o sistema imunitário destes pacientes [com tumor do
pâncreas] o cancro é invisível. É como se não estivesse ali. Queremos
perceber porque é que o sistema imunitário não reconhece aquelas células
de cancro e encontrar uma forma de acordar o sistema imunitário para
que lute contra essas células”, explicou Sónia Melo.
Este
projeto, que conta com a colaboração do hospital de São João, no Porto,
vai decorrer nos próximos três anos e os investigadores esperam
conseguir “alternativas de tratamento” dos doentes com cancro.
No
fundo, pretende-se que a imunoterapia, que tanto tem ajudado doentes
com outros tipos de cancro, seja também uma alternativa eficaz no caso
dos tumores do pâncreas.
Sónia
Melo lembra que nos últimos 40 anos tem havido pouca inovação
terapêutica para estes doentes, que contam com poucas opções de
tratamento, limitando-se quase exclusivamente à quimioterapia. A
investigadora considera que, “apesar de ser um cancro catastrófico” em
termos de mortalidade, a sua relativa reduzida incidência fez com que
fosse menos investigado.
“Estes
pacientes têm uma terapia básica e não sabemos tratá-los, porque não
estudámos da melhor forma o cancro que eles têm”, afirma, considerando
que a investigação está atualmente a olhar melhor para estes doentes com
cancro do pâncreas.
Fonte: Sapo
O cancro do pâncreas normalmente evolui de forma silenciosa e, na sua fase inicial, não provoca sintomas sendo, por isso, na maioria das vezes, diagnosticado já quando a doença se disseminou para além deste órgão. Os tratamentos atuais para este tipo de cancro são a quimioterapia, a radioterapia e a remoção do pâncreas, sendo que este último é o método mais eficaz num diagnóstico precoce.
ResponderEliminarNa minha opinião, se se conseguir tornar a imunoterapia eficaz no tratamento do cancro do pâncreas sem dúvida que será uma mais valia para os doentes já que esta técnica é inovadora e funciona por ativação do sistema imunitário, isto é, a ativação eficaz dos linfócitos vai levar à destruição das células tumorais, o que traz uma nova esperança aos doentes com este tipo de patologia, já que permitirá controlar o crescimento do tumor, melhorar a qualidade de vida do doente e o diagnóstico da patologia numa fase mais precoce, aumentando as probabilidades de se alcançar uma cura.