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Como dormir mal nos envelhece



Investigadores portugueses encontraram uma ligação entre a apneia obstrutiva do sono e oito marcadores de envelhecimento celular que, por sua vez, aumentam o risco de desenvolver várias doenças. A conclusão, dizem, também pode valer para quem “só” dorme mal.

Desafiados a associar o sono ao envelhecimento, uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra encontrou uma ligação entre a síndrome de apneia obstrutiva do sono e oito marcadores do processo de envelhecimento celular prematuro. Num artigo publicado na revista Cell, os autores centram-se nesta perturbação do sono relacionada com um maior risco de desenvolver várias doenças, desde problemas cardíacos a demências, passando por acidentes vasculares cerebrais. A propósito do Dia Mundial do Sono – que se assinala esta sexta-feira e que levou o CNC a fazer uma banda desenhada para o PÚBLICO, em colaboração com a Associação Portuguesa do Sono, publicada nas páginas seguintes –, os investigadores avisam que este envelhecimento celular prematuro também poderá ocorrer em pessoas que não sofrem desta patologia e que, simplesmente, dormem mal.
Cena familiar: o marido ressona e, ao lado, a mulher dá-lhe um toque ou cotovelada para que mude de posição. Muitas vezes, nota-se que o “ressonador” tem uma respiração irregular com momentos em que parece que pára de respirar. Provavelmente, temos nesta cama um caso de síndrome de apneia obstrutiva do sono que não se resolve à cotovelada, mas com uma consulta com um médico especialista que deverá fazer o diagnóstico e prescrever o tratamento. Além deste possível caso clínico, a pessoa que está ao lado e vê o seu sono interrompido também não dorme bem. O mais provável, assim, é que os dois acordem cansados. E o mais provável também é que os dois tenham sofrido um processo de envelhecimento celular agravado pelo sono de má qualidade.
“Fomos à procura de estudos que tivessem tentado relacionar a apneia do sono com marcadores que já se sabia que estão associados ao envelhecimento celular, desde problemas nucleares, mitocondriais, alterações epigenéticas do ADN, entre outros, e encontrámos uma correlação entre a apneia e, pelo menos, oito dos marcadores de envelhecimento”, conta Cláudia Cavadas, investigadora do CNC e uma das autoras do artigo publicado em 2017 por investigadores portugueses na revista Cell. Trata-se de um artigo de opinião, lembra, em que defendem que este envelhecimento celular prematuro pode facilitar o desenvolvimento de doenças (associadas ao envelhecimento) e fazer com que apareçam mais cedo. “Foi a primeira vez que se juntou as duas coisas, a apneia do sono ao envelhecimento”, diz.
Desafiados a associar o sono ao envelhecimento, uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra encontrou uma ligação entre a síndrome de apneia obstrutiva do sono e oito marcadores do processo de envelhecimento celular prematuro. Num artigo publicado na revista Cell, os autores centram-se nesta perturbação do sono relacionada com um maior risco de desenvolver várias doenças, desde problemas cardíacos a demências, passando por acidentes vasculares cerebrais. A propósito do Dia Mundial do Sono – que se assinala esta sexta-feira e que levou o CNC a fazer uma banda desenhada para o PÚBLICO, em colaboração com a Associação Portuguesa do Sono, publicada nas páginas seguintes –, os investigadores avisam que este envelhecimento celular prematuro também poderá ocorrer em pessoas que não sofrem desta patologia e que, simplesmente, dormem mal.
Cena familiar: o marido ressona e, ao lado, a mulher dá-lhe um toque ou cotovelada para que mude de posição. Muitas vezes, nota-se que o “ressonador” tem uma respiração irregular com momentos em que parece que pára de respirar. Provavelmente, temos nesta cama um caso de síndrome de apneia obstrutiva do sono que não se resolve à cotovelada, mas com uma consulta com um médico especialista que deverá fazer o diagnóstico e prescrever o tratamento. Além deste possível caso clínico, a pessoa que está ao lado e vê o seu sono interrompido também não dorme bem. O mais provável, assim, é que os dois acordem cansados. E o mais provável também é que os dois tenham sofrido um processo de envelhecimento celular agravado pelo sono de má qualidade.
“Fomos à procura de estudos que tivessem tentado relacionar a apneia do sono com marcadores que já se sabia que estão associados ao envelhecimento celular, desde problemas nucleares, mitocondriais, alterações epigenéticas do ADN, entre outros, e encontrámos uma correlação entre a apneia e, pelo menos, oito dos marcadores de envelhecimento”, conta Cláudia Cavadas, investigadora do CNC e uma das autoras do artigo publicado em 2017 por investigadores portugueses na revista Cell. Trata-se de um artigo de opinião, lembra, em que defendem que este envelhecimento celular prematuro pode facilitar o desenvolvimento de doenças (associadas ao envelhecimento) e fazer com que apareçam mais cedo. “Foi a primeira vez que se juntou as duas coisas, a apneia do sono ao envelhecimento”, diz.

O valor do sono

Entre as várias questões que têm sido discutidas sobre o sono, o médico Joaquim Moita, presidente da Associação Portuguesa do Sono e outro dos autores do artigo publicado na Cell, refere que está especialmente inquieto com a apneia obstrutiva do sono, as insónias e o facto de, simplesmente, ainda não valorizarmos o sono.
Sobre a apneia sublinha que se caracteriza pela ocorrência de paragens respiratórias (com a duração de dez segundos e uma frequência de, pelo menos, cinco vezes por hora) e pelo ressonar. O problema – que segundo os mais recentes estudos europeus afectará cerca de 49% dos homens e 25% das mulheres (uma prevalência que justifica o exemplo usado em que tínhamos o homem a ressonar) – tem tratamento, ainda que o especialista insista em criticar os tempos demasiado longos de espera por uma consulta de especialidade nos hospitais portugueses. Joaquim Moita lembra que a apneia está associada a um risco acrescido de acidentes vasculares cerebrais, enfartes, acidentes de viação, entre outros problemas, e que, por isso, “há pessoas que morrem à espera de uma consulta”.
Mas, e apesar da gravidade do problema, há boas notícias. O médico que dirige a Clínica de Medicina do Sono no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra reconhece que em 1990 a apneia era uma doença desconhecida e agora já se tornou célebre. “Esta doença ouve-se”, diz, acrescentando que já muita gente procura a ajuda médica para o tratamento.
Quanto às insónias, Joaquim Moita teme que as pessoas procurem sobretudo ajuda farmacológica, optando pelo consumo de benzodiazepinas muitas vezes sugeridas pelo amigo ou colega de trabalho. De acordo com o especialista, os casos de insónia crónica afectam 10% da população e caracterizam-se por insónias três vezes por semana durante três meses.
E lamenta: “Não valorizamos o sono.” E aqui surge uma lista de erros e dicas. “As pessoas têm de dormir entre sete a nove horas por noite, nunca menos do seis ou mais do que dez”, reclama o médico. Confrontado com o (mau?) exemplo de Marcelo Rebelo de Sousa, que diz precisar de menos horas do que o recomendado, Joaquim Moita responde com um diplomático “sem comentários”. E riposta, com humor: “O Cristiano Ronaldo farta-se de dormir, esse é um herói que serve de exemplo.”
A lição de bem dormir para ser mais saudável vem ainda acompanhada de outros avisos já conhecidos. Tirar a televisão do quarto e o telemóvel da mesinha de cabeceira, manter um horário regular para dormir e acordar, não consumir álcool, não fumar, ter uma temperatura no quarto entre os 18 e os 20 graus Celsius, não levar problemas para a cama (“Aponte num papel o que não fez hoje e resolve amanhã”), entre outros gestos simples que podem evitar graves problemas de saúde. Enquanto dormimos, podemos diminuir os riscos que corremos quando estamos acordados.

Fonte: Público 



The creation of this blog came from a challenge posed to Masters students of Biomedical Sciences of the University of Beira Interior, Covilhã (Portugal), by Professor Doctor José Eduardo Cavaco within the course "Project in Biomedical Sciences''. The Biomedical Sciences combine the areas of Biology, Biochemistry, Physics, Management and Engineering, stimulating the capacity for self learning, critical thinking and adaptation to new technologies. Thus, the Biomedics integration in different areas of the national and international job market is possible as technical supporters in clinical environment, consulting, industry, education and research. For more information: http://www.ubi.pt/Curso/907.

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